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Postado por: Gabriell Stevenson terça-feira, 7 de outubro de 2014


Porque veio João Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Têm demônio. Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e dos pecadores.” – Lc 7.33-34

Assim como fazem com as palavras de Paulo a Timóteo, também há cristãos – e até não cristãos – que usam esta passagem para difamarem Jesus; afirmando que Ele era um consumidor de bebidas alcoólicas. Porém, como fizemos com I Timóteo 5.23 iremos analisar bem estes dois versículos de Lucas dentro do seu contexto real; com o auxilio do mesmo relato descrito por Mateus.

Em primeiro lugar, perceba que Jesus está fazendo um discurso para uma multidão que o cercava (v. 24); ele começa a falar a respeito de quem era João Batista – um profeta, e muito mais do que um profeta (v. 26-28). Durante o seu discurso, muitos homens que o ouviam declaravam a justiça de Deus (v. 29). Mas os fariseus rejeitaram aquilo que Jesus lhes dizia (v. 30). Em seguida, Jesus começa a relatar as afrontas que os fariseus lhes dirigiam (v. 33-34). E finaliza com uma grave repreensão contra o povo que habitava nas cidades em que operou a maior parte de seus milagres [Mt 11.20]; estas foram Corazim, Betsaida e Cafarnaum (v. 21-24).

Note que, quando Cristo falou as palavras “veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de vinho” Ele estava se referindo ao que os fariseus declaravam sobre Ele; acusações infundadas contra Jesus para diluírem a Sua moral e justiça, e acabarem com o Seu ministério.

João Batista, de fato, não comia pão ou bebia vinho, pois este era o seu voto – o voto de nazireu [Nm 6.1-4]. Ser nazireu implica em não consumir nada que venha de uma vide; isso inclui até mesmo as uvas frescas. Jesus, por outro lado, não era nazireu e poderia consumir, sem nenhum problema, aquilo que provinha de uma vide; seja a própria fruta, o óleo, o vinagre ou o vinho, etc. A questão é, se este vinho o qual Jesus consumia era fermentado ou não, e existem boas evidências de que a resposta seja NÃO.

Além de textos como Efésios 5.18, Provérbios 20.1 e Provérbios 23.29-35, sabemos que na época de Cristo e dos apóstolos a água não era excelente para o consumo. “... a água em muitas localidades não era segura para uso. Doenças físicas, como a disenteria, frequentemente estavam relacionadas com água contaminada, sendo de comum ocorrência. Consequentemente, outras maneiras de matar a sede eram frequentemente recomendadas" (Seventh-day Adventist Bible Commentary, v. 7, p. 314). Uma dessas maneiras, e a principal delas, era o consumo de vinho não fermentado; consumir o vinho fermentado durante todo o dia, para saciar a sede, levaria a pessoa a estar bêbada constantemente, prejudicando sua vida privada e profissional.

Jesus certamente fazia o mesmo que seus contemporâneos, Ele consumia vinho não fermentado para matar a sua sede, ao invés de arriscar ter uma disenteria consumindo muita água possivelmente suja. Como Ele era convidado a sempre estar na casa de alguém ou participar de muitas festas e comemorações, acabava comendo e bebendo vinho frequentemente – mas frequentemente não implica dizer “em grande e exagerada quantidade”. Os fariseus usaram este fato apenas para difamá-lo – mentiram sobre Ele. Jesus apenas fez uma comparação do que diziam contra João Batista e o que diziam contra Ele próprio; como não tinham o que dizer contra João Batista, afirmaram que ele tinha demônio por não se comportar "normalmente" – já que comia gafanhotos e mel silvestre, ao invés de pão e vinho, e ainda por cima usava pele de camelo para se vestir; e como não tinham o que dizer contra Jesus, afirmaram que Ele era um comilão e beberrão por comer e beber normalmente.

Continua...

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