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Postado por: Gabriell Stevenson quarta-feira, 22 de outubro de 2014


A doutrina da trindade é mais discutida - e rejeitada - do que muitos cristãos pensam. Enquanto muitos cristãos sinceros e verdadeiros estão sendo ensinados a respeito da santíssima trindade (um único Deus, mas eternamente existente em três pessoas), outros grupos, como as Testemunhas de Jeová, judeus, islâmicos, etc., tem negado esta doutrina - estes possuem visões "unicistas" ou "unitaristas", em que consiste que Deus é apenas um, existente como uma só pessoa.

A bíblia é a base para a fé de todo e qualquer cristão verdadeiro; sem acréscimos literários ou revelações sobrenaturais. É por ela, e apenas por ela, que teremos de analisar esta discussão. Antes disso, precisamos entender que judeus e islâmicos não aceitam em definitivo a divindade de Cristo, e que judeus e islâmicos também não creem no mesmo Deus - um crê é Jeová (ou Yahweh) e outro em Alá. Contudo, apesar disto, o único grupo que iremos excluir num primeiro momento são os islâmicos.

Partiremos do Antigo Testamento, analisando algumas evidências sobre o único Deus existente em mais de uma pessoa:

"E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra." - Gênesis 1.26

Esta é a passagem mais utilizada para se defender a doutrina da trindade no Antigo Testamento. É obvio que não podemos determinar, apenas por esta passagem, que se trata de um Deus trino. Contudo, podemos perceber que Deus está se referindo a Ele mesmo, porém falando com pelo menos mais uma pessoa; alguns acusam que este versículo pode estar se referindo a Deus falando com os anjos, mas nós não fomos criados a imagem dos anjos (não existem evidências que confirmem isso), fomos criados a imagem de Deus [Gn 1.27].

Outro texto onde podemos observar evidências sobre a trindade se encontra no capítulo 11 de Gênesis:

"Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro." - Gênesis 11.7

Aqui, o Senhor também não poderia estar falando com anjos, pois o texto não demonstra a participação deles na confusão das línguas humanas; vemos que o Senhor foi o único responsável por esta ação sobrenatural [Gn 11.6-9]. Perceba, também, que Deus utilizou a expressão "desçamos e confundamos" o que nos passa a ideia de que Ele está falando com mais de uma pessoa; alguém igualmente divino.

Algumas palavras hebraicas podem também nos ajudar a compreender o mistério da trindade no Antigo Testamento; como Echad Elohim.

1. Echad

"Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor." - Deuteronômio 6.4

No hebraico, echad significa uma unidade composta; é diferente de yachid, que significa uma unidade simples. Alguns outros versículos podem clarear o nosso entendimento quanto a isso. Por exemplo, em Gênesis 22.2, quando Deus pede Isaque a Abraão, Ele usa a palavra yachid (unidade simples); e em Gênesis 2.24, quando o Senhor fala a respeito do homem e sua esposa se tornarem uma só carne, Ele usa a palavra echad (unidade composta - neste caso, dois que se tornam um).

2. Elohim

"No principio criou Deus os céus e a terra." - Gênesis 1.1

A palavra usada para "Deus" na verdade é elohim. Elohim é o plural da palavra Elohi, e deve ser entendida como "deuses", literalmente. É interessante que elohim é sempre acompanhada de prefixos no singular, o que pode evidenciar uma unidade composta - como ocorre no caso de echad. Os grupos que refutam a doutrina da trindade afirmam que o uso do termo elohim não implica numa evidência à trindade, mas é usada apenas para um sentido de "plural majestático", ou seja, uma reafirmação do poder de Deus como sendo "poderosíssimo". Esta afirmação não está de um todo equivocada, porém, até mesmo eles aceitam que a tradução correta para elohim seja "deuses", mas, apenas por dedução, acreditam que, quando aplicada ao Senhor, elohim serve apenas para exautar/ampliar ainda mais a Sua majestade e poder. Essa dedução se dá pelo uso de elohim nos textos referentes a Dagom [I Sm 5.7], Asterote [I Rs 11.5] e Moisés [Êx 7.1]. Bem, no caso de Moisés, Deus disse que ele seria como um representante do próprio Deus para faraó. Se Moisés estava representando um Deus que era uma unidade composta, então deveria ser usada a palavra elohim. No caso dos deuses pagãos Dagom e Asterote poderia facilmente significar uma composição de vários demônios que atuavam como sendo um único deus pagão: Dagom ou Asterote. Vemos um exemplo disso no encontro de Jesus com o demônio legião ... Legião é o meu nome [singular], porque somos muitos [plural].” [Mc 5.9]. Este encontro é uma evidência clara de que os demônios podem atuar juntos, assumindo uma única identidade - como uma unidade composta.

De fato, nenhuma destas evidências aponta com clareza à trindade, mas isso se dá porque nem Cristo e nem o Espírito Santo haviam sido identificados como sendo pessoas da divindade; isso ocorreu apenas no Novo Testamento. Mas, antes de finalizarmos, um fato interessante sobre o Santo Espírito deve ser analisado aqui. Os judeus (e outros grupos), em um contexto geral, afirmam que o Espírito Santo nada mais é do que uma "força dinâmica" de Yahweh. Contudo, Isaías nos mostra que o Espírito Santo é sim uma pessoa: "... e contristaram o seu Espírito Santo..." [Is 63.10]. Uma simples "força dinâmica" não poderia ser dotada de sentimentos; apenas a uma pessoa isso seria possível. Isaías evidênciou aquilo que seria totalmente revelado no Novo Testamento e isto deve ser levado em consideração; o próprio Paulo provavelmente se utilizou desta passagem quando disse que não devemos entristecer o Espírito Santo [Ef 4.30].

Bem, parece-me claro que o Senhor deixou muitas pistas quanto a Sua pluralidade; sendo constatadas por essas passagens e palavras hebraicas que aqui analisamos.

Continua...

Texto: Gabriell Stevenson

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