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Postado por: Gabriell Stevenson segunda-feira, 13 de outubro de 2014


Muitos cristãos acreditam que os 10 mandamentos dados por Deus a Moisés ainda são válidos para os tempos do Novo Testamento, contudo, concordam que há mudanças – como, por exemplo, a revogação da guarda do sábado –, enquanto que outros creem que eles permanecem inalterados. Também há certa discordância quanto à divisão destes mandamentos.

Nesta primeira parte da serie sobre Os 10 mandamentos e o Novo Testamento, iremos analisar quais são, de fato, os 10 mandamentos dados por Deus a Moisés. Bem, resumindo, os 10 mandamentos (ou decálogo) é a síntese de toda a Lei de Deus no Antigo Testamento. E eles se encontram primeiramente em Êxodo 20.3-17 (sendo repetidos em Deuteronômio 5.7-21).

Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos. Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão. Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou. Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá. Não matarás. Não adulterarás. Não furtarás. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.” - Êxodo 20.3-17

Flávio Josefo, um historiador e apologista judaico-romano, descendente de uma linhagem de importantes sacerdotes e reis, dividia os dez mandamentos da seguinte maneira: o versículo 3 como o Primeiro Mandamento, os versículos 4 a 6 como o segundo mandamento, o versículo 7 como o terceiro mandamento, os versículos 8 a 11 como sendo o quarto mandamento, e os versículos 12 a 17 são do quinto ao décimo mandamento, sendo um versículo para cada mandamento (Antigüidades Judaicas, Vol. 3, Cap. 5 §5). Esta é a mais aceita entre os protestantes.

Agostinho, assim como outros, consideravam os versículos 3 a 6 como um só mandamento, ignorando o versículo 4, mas dividiam o versículo 17 em dois mandamentos, o nono a respeito da cobiça da mulher alheia e o décimo contra cobiçar os seus pertences. A divisão de Agostinho foi adotada pela Igreja Católica Romana. Com o passar do tempo, contudo, a igreja católica alterou demasiadamente as palavras originais de Êxodo 20: 1. Amar a Deus sobre todas as coisas. 2. Não usar o Santo Nome de Deus em vão. 3. Santificar o domingo e festas de guarda. 4. Honrar pai e mãe. 5. Não matarás. 6. Não adulterarás. 7. Não furtarás 8. Não levantarás falsos testemunhos. 9. Não desejarás a mulher do próximo. 10. Não cobiçarás as coisas alheias. As modificações foram inspiradas nas pregações de Jesus.

Perceba que há muita inconsistência entre os pensamentos a respeito dos 10 mandamentos. E por vezes os cristãos ficam se sentindo perdidos com respeito a isso. A nossa proposta aqui é analisar qual seria a divisão mais assertiva, baseada no próprio contexto de Êxodo 20.3-17. Creio que esta seja, com certeza, a divisão feita por Flávio Josefo, pois os 10 mandamentos de Agostinho e os 10 mandamentos atuais da Igreja Católica Romana se mostram incompatíveis com o texto de Êxodo.

Agostinho certamente desprezou o v.4 – descaradamente – pelo fato da Igreja Católica acolher imagens de seus santos; incluir o v.4 feriria o dogma católico quanto à fabricação e culto das imagens. Os “novos 10 mandamentos” propostos pela Igreja Católica Romana foram produzidos apenas para criar um firmamento para a sua doutrina. Como foi dito, eles se inspiraram no contexto de Êxodo, alterando suas palavras com referência às pregações de Cristo. Veja, por exemplo, que a Igreja Católica juntou o 1º e 2º mandamentos num só: amar a Deus sobre todas as coisas. Apesar de ser uma verdade, estas palavras não foram ditas por Deus a Moisés na ocasião [Êx 20.3-6], mas algo semelhante a isso foi dito apenas em Deuteronômio 6.5. O que quero dizer é que existe uma diferença entre prestar culto somente a Deus e amá-lo sobre todas as coisas; nós podemos amar a Deus e podemos amar as demais coisas, porém, só podemos cultuar a Deus e não as demais coisas; e Deus estava claramente falando sobre prestação de culto e idolatria. Também há uma inconsistência entre o 9º e 10º mandamento deles; Deus havia dado os dois como sendo um só mandamento [Êx 20.17]. Essa divisão ocorreu por terem unido o 1º e 2º mandamento, mas excluindo o v.4, como Agostinho fez.

Por estes fatos, podemos concluir que os 10 mandamentos da Igreja Católica não são os mesmos dados por Deus a Moisés. Infelizmente, esta cultura dos “novos 10 mandamentos” da Igreja Católica Romana invadiu as igrejas cristãs protestantes, e comumente estamos ensinando-a em nossas escolas bíblicas ou até mesmo nos departamentos infantis e demais cultos. Se formos realmente ensiná-los, que façamos com fidelidade as Sagradas Escrituras.

Continua...

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