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Postado por: Gabriell Stevenson terça-feira, 7 de outubro de 2014


Por todos os Evangelhos vemos Jesus sendo convidado a participar de comemorações [Jo 2.1-2] ou reuniões particulares na casa de alguém [Lc 14.1], ou até organizando, Ele mesmo, alguma ceia com os seus apóstolos [Lc 22.8]. Em todos estes lugares vemos a presença de fartura de alimento e vinho.

Quando Jesus realizava alguma reunião com seus apóstolos, não lhes negava alimento e bebida; mas não quer dizer que todos comiam e bebiam até se empanturrarem. Quando era convidado a estar em algum lugar – e o foi por várias vezes – também não passava dos limites. Porém, era comum todos comerem e beberem bem, afinal de contas eram momentos de descontração, comunhão ou de celebração.

Já sabemos que era normal o consumo de vinho não fermentado – o doce – como se fora água; devido às impurezas em lagos, poços, etc. Todos, certamente consumiam muito vinho não fermentado em comemorações e em reuniões. E os fariseus sabiam bem disso. Penso que os inimigos de Jesus usaram este conhecimento de que todos se fartavam a vontade, somando ao fato de que Jesus sempre era convidado a estar em algum lugar, para o acusarem de ser um comilão e beberrão [Lc 7.34]; queriam manchar a imagem de Jesus, para que ninguém o seguisse mais, porém foi o próprio Jesus quem disse que aquele que come e bebe com os beberrões é um mau servo (Mt 24.48-51). Jesus não poderia se comportar como um mau servo, envolvendo-se em lugares onde havia o consumo de bebida embriagante.

Quando se trata em não consumir álcool, muitos se defendem dizendo: “É pecado ser um beberrão, mas consumir um pouco de álcool não tem problema. Se houvesse problema, então deveríamos parar de comer, pois ser glutão, ou comilão, também é pecado. Deveríamos parar de comer, então, para evitarmos ser comilões.” Isso é um ótimo raciocínio lógico, contudo, esta forma de interpretação não é sempre válida. Devemos tomar cuidado com raciocínios lógicos e ficarmos principalmente com o que a Palavra de Deus nos diz, pura e integralmente. Comer é uma necessidade natural do corpo humano, consumir bebida alcoólica não o é. E mesmo sendo uma necessidade do corpo, vemos vários conselhos ao jejum – passar fome, literalmente, e orar muito, para que a carne enfraqueça e o espírito fique mais forte a cada novo jejum e oração.

Olhando para essas acusações contra Jesus eu percebo o porquê de Paulo ter dito para os bispos não serem dados ao vinho [oinos], e nem os diáconos a muito vinho [oinos] [I Tm 3.2-3, 8 | Tt 1.7]. A palavra dado, usada por Paulo vem do grego paroinon, que quer dizer literalmente “ao lado do vinho”, “perto do vinho” ou “com vinho”. Não creio que este vinho seja o embriagante, pois, como já vimos até então, o consumo de bebida alcoólica não é sustentado pela Palavra como sendo uma atitude sensata e correta, e Paulo aconselhou que os diáconos apenas não fossem dados a “muito vinho”. Creio que esta advertência seja para que os bispos e diáconos não se demorassem perto do vinho não fermentado, para que evitassem ser acusados de beberrões, como fizeram com Jesus; não era, e nem é pecado consumir vinho não fermentado, contudo deveria ser ingerido com moderação [II Tm 1.7 | Gl 5.13]. Percebo que essa exigência foi muito mais “pesada” sobre os bispos por eles estarem em uma posição mais elevada e de maior destaque, ao passo que os diáconos não possuem tanta atenção quanto eles.

Há evidências, também, que apontam para pessoas viciadas em vinho fresco sem fermento nos dias de Cristo e dos apóstolos (Plínio, História Natural, 14.28.139). Paulo certamente enfatizou o autocontrole para os bispos e diáconos – mas muito mais sobre os bispos. E o apóstolo não é o único que faz este tipo de admoestação. A literatura rabínica contém advertências a respeito do uso excessivo do suco doce de uva, sem fermentação. Essa literatura refere-se a tiros, uma bebida de uva que inclui “todos os tipos de sucos doces e mosto, mas não o vinho fermentado” (Tosef., Ned. IV.3); que “se for bebido com moderação, contribui para a liderança... se for bebido excessivamente, leva à pobreza” (Yoma, 76b). “Quem a bebe habitualmente [excessivamente], empobrecerá com certeza” (Enciclopédia Judaica, 12.533). Logo, um dos possíveis motivos de Paulo tê-los proibido de consumir vinho ou muito vinho seja o de evitar o vicio por parte dos bispos e diáconos.

Continua...

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