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Postado por: Gabriell Stevenson terça-feira, 7 de outubro de 2014


Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima. E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E levaram. E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho...” – João 2.7-9

O primeiro milagre que Jesus efetuou, segundo João, foi o de transformar água em vinho durante uma festa de casamento. Obviamente, este é mais um texto frequentemente deturpado por aqueles que alegam não haver nenhuma contradição bíblica quato a consumir bebida alcoólica, mesmo que seja só um pouco.

Ao lermos esta passagem de João 2.7-9 devemos levar em consideração o tempo e a cultura no qual está inserida, bem como as palavras usadas para descrever o acontecido.

O primeiro fato que devemos analisar é o de que essas festas – nos tempos de Cristo e dos apóstolos – duravam cerca de vários dias. Levando isso em consideração, não poderia ser vinho alcoólico este que Cristo criou; Jesus produziu cerca de 600 a 900L de vinho (v. 6-9) e consumir todo esta quantidade de vinho alcoólico deixaria todos na festa extremamente embriagados; essas festas não tinham uma longa pausa de um dia para o outro, elas se desenrolavam quase que sem parar; e estar bêbado é abominação para Deus [I Co 6.10]. Jesus Cristo é o Filho de Deus, e como tal não poderia fazer algo que desagradasse ao Pai [Jo 8.29]. Jesus não poderia ter transformado a água em vinho alcoólico, pois Ele mesmo não poderia colocar homens para estarem embriagados [Hc 2.15]; seria uma contradição contra Ele mesmo. Na verdade, olhando bem o texto, nos parece que todos estavam bem sóbrios até então; e não há nenhuma menção sobre alguém ter perdido os sentidos por estar bêbado durante as bodas.

O segundo fato a ser analisado são os dados históricos sobre o preparo e uso do vinho pelos judeus e por outras nações. Esses dados mostram que o vinho era frequentemente não fermentado e em geral misturado com água (Enciclopédia Bíblica Ilustrada de Zondervan, v.882 | Columella, Sobre a Agricultura 12.44.1-8). Entre os judeus dos tempos bíblicos, os costumes sociais e religiosos não permitiam o uso de vinho puro sem fermento, nem o fermentado. O Talmude fala, em vários textos, sobre a mistura de água com vinho (e.g., Shabbath 77ª; Pesahim 1086). Certos rabinos insistiam que, se o vinho fermentado não fosse misturado com três partes de água, não podia ser abençoado e contaminaria quem o bebesse. Outros rabinos exigiam dez partes de água no vinho fermentado para poder ser consumido. Em resumo, o tipo de vinho usado pelos judeus nos dias da Bíblia não era idêntico ao de hoje. Tratava-se de suco de uva recém-espremido; suco de uva misturado com água; vinho velho, fermentado ou não, diluído em água, numa proporção de até 20 para 1; se fosse servido não diluído em água isso seria considerado uma indelicadeza, contaminação e não poderia ser abençoado – isso nos lança uma luz do porque Jesus ter escolhido a água como o elemento primário para produzir o vinho.

O terceiro fato que devemos considerar é que este foi um milagre feito a fim de evidenciar “a Sua Glória” e levar as pessoas a crerem que Ele era o Filho de Deus (v. 11). Alegar que Jesus produziu e usou vinho alcoólico, não somente ultrapassa os limites das normas exegéticas, como também nos leva a um conflito com os princípios morais embutidos no contexto geral do ensino das Escrituras. Fica claro que, à Luz da natureza de Deus, este vinho não poderia ser alcoólico. O mestre-sala declarou, após provar o vinho: “... Todo homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então, o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.” (v. 10). O “vinho bom” era o mais doce, livre de fermento, e que poderia ser consumido livremente; “bom” vem do grego kalos, que significa “moralmente excelente ou apropriado.” (v. 11)

À luz destes fatos, e do que já analisamos nos textos anteriores, conclui-se que a prática de ingestão de bebidas alcoólicas não é apoiada pela Bíblia Sagrada; logo é tolice insistir que Jesus foi um “consumidor inteligente” de bebidas alcoólicas e que nós, como cristãos, podemos consumí-las sem problema algum.

Continua...
Veja a mensagem anterior: "Vinho e outras bebidas alcoólicas III: Comilão e beberrão"

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