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Postado por: Gabriell Stevenson quinta-feira, 9 de outubro de 2014


E, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus. E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós.” – Lucas 22.17-20

A Santa Ceia é mais uma vitima dos defensores do consumo de bebidas alcoólicas – mesmo que em pequena quantidade. Muitos, por ignorância, debatem afirmando que é bem possível que o vinho da Santa Ceia fosse um vinho fermentado; abrindo brecha para o pensamento de que o consumo de bebida alcoólica é de decisão pessoal de cada cristão.

Nem Lucas, nem qualquer outro escritor dos Evangelhos emprega a palavra oinos (vinho fermentado ou não) no tocante à Ceia do Senhor. Os escritores dos três primeiros evangelhos empregam a expressão fruto da vide [Mt 26.29 | Mc 14.25 | Lc 22.18]. O vinho não fermentado é o único fruto da vide, contendo aproximadamente 20% de açúcar e nenhum álcool; o vinho fermentado não é produzido pela videira.

Jesus instituiu a Santa Ceia quando Ele e seus discípulos estavam celebrando a Páscoa. A lei da Páscoa em Êxodo 12.14-20 proibia a presença de seor [Êx 12.15], palavra hebraica para fermento ou qualquer agente fermentador. Além disso, todo o hametz (qualquer coisa fermentada) era proibido [Êx 12.19; 13.7]. Deus dera essas leis porque a fermentação comumente simbolizava a corrupção e o pecado. Jesus, o Filho de Deus, cumpriu da Lei todas as exigências que cabiam a Ele [Mt 5.17]. Logo, teria cumprido a Lei de Deus para a Páscoa, e não teria usado vinho fermentado.

Certos documentos judaicos afirmam que o uso de vinho não fermentado na Páscoa era comum nos tempos do Novo Testamento. Por exemplo: “Segundo os Evangelhos Sinóticos, parece que no entardecer da quinta-feira da última semana de vida aqui, Jesus entrou com seus discípulos em Jerusalém, para com eles comer a Páscoa na cidade santa; neste caso, o pão e o vinho do culto de Santa Ceia instituído naquela ocasião por Ele, como memorial, seria o pão asmo e o vinho não fermentado do culto Sedar” (“Jesus”. The Jewish Encyclopaedia, edição de 1904. V.165).

Em uma de suas epístolas, Paulo também usou a mesma simbologia do fermento. Ele afirmou que os coríntios deveriam retirar de seu meio o fermento da maldade e da malícia, alegando o fato de que Cristo é a nossa Páscoa [I Co 5.6-8]; está claro que, para o apóstolo, o fermento e a santa ceia eram incompatíveis.

O Cristo Rei e Sacerdote – duas faces do mesmo ministério de Jesus – também deve ser levado em consideração.

No tocante ao sacerdócio de Cristo, sabemos que Ele não poderia ter consumido bebida alcoólica. Após a Sua morte e ressurreição, o Senhor Jesus subiu aos céus como Sumo Sacerdote para apresentar o Seu próprio sangue como propiciação pelos nossos pecados [Hb 3.1; 5.1-10] e um sacerdote não poderia chegar-se a Deus se houvesse consumido bebida alcoólica [Lv 10.9].

Assim como o pão asmo representava o corpo puro de Cristo, o fruto da vide representava o sangue incorruptível de Cristo. Uma vez que a Bíblia declara que nem o corpo e nem o sangue de Cristo experimentaram corrupção [Sl 16.10 | At 2.27 ; 13.37], esses dois elementos são corretamente simbolizados por aquilo que não é corrompido nem fermentado – ainda que os sacerdotes do Antigo Testamento pudessem consumir bebida alcoólica longe da presença de Deus, isso não poderia se aplicar a Jesus, pois Ele estava em constante comunhão com o Pai e não poderia se contaminar em momento algum de Sua santa vida.

E no tocante ao poder real de Jesus, devemos compreender que haviam sérios conselhos em relação ao consumo de bebida alcoólica pelos reis. Provérbios 31.4-5 diz: "... não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte; para que bebendo, se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos..." Perceba que o vinho embriagante e qualquer outro tipo de bebida alcoólica eram tidos como algo que perverteriam a mente dos reis e o direito do povo; note também que não se fala em o rei estar bêbado, mas sobre o mero consumo de bebida alcoólica, que obviamente iria levá-lo, em algum momento, a vacilar e embriagar-se.

Levando em consideração todos esses casos abordados, algo como o vinho fermentado não poderia simbolizar a Nova e Eterna Aliança de Deus conosco por meio de Jesus Cristo, pois ela é justa, reta, e livre de corrupção.

Continua...
Veja a mensagem anterior:Vinho e outras bebidas alcoólicas IV: Bodas de Caná

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