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Archive for outubro 2014

Discussão: Entendendo o fruto do espírito

By : Gabriell Stevenson

Apesar de não ser amplamente debatida, esta é uma discussão muito interessante. Apenas conversando com algumas pessoas, percebemos o quanto é divergente o entendimento dos cristãos com respeito a Gálatas 5.22-23.

Podemos observar pessoas dizerem: (1) O fruto do espírito (humano), ou (2) Os frutos do espírito (humano), ou (3) O fruto do Espírito (Santo), ou (4) os frutos do Espírito (Santo). Perceba que existem pelo menos quatro tipos básicos de entendimento a respeito desta passagem; mas ainda podemos observar subdivisões no primeiro e no terceiro pensamento: (a) uns dizem que este fruto é apenas o Amor e que as demais citações – alegria, paz, longanimidade, etc. – de Paulo, são apenas as ferramentas deste Amor. (b) Outros dizem que este fruto não se limita apenas ao Amor, mas que todas as citações de Paulo são igualmente, e separadamente, as reais características do fruto.

Entendendo que existem estas divergências, vamos agora ao analise do texto em questão:

Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra essas coisas não há lei.” – Gálatas 5.22-23

Em primeiro lugar, assim como discutido no artigo sobre Paulo e o terceiro céu, temos de entender que Paulo era um homem perfeitamente instruído na Palavra de Deus, e que, analisando todas as suas cartas, podemos dizer, com certeza, que Paulo sempre dizia exatamente o que ele queria dizer - sem mais, nem menos. Na verdade, muitas normas exegéticas e hermenêuticas são pura invenção humana para poderem deturpar a mensagem pura da Palavra. A principal norma que devemos entender e aceitar é: a Palavra diz exatamente o que ela quer dizer.

Paulo, ao escrever a sua carta aos gálatas, cita as obras (plural) da carne e o fruto (singular) do "Espírito". Parece ser um contraste muito grande quando observamos que as obras da carne são uma pluralidade de obras, enquanto que o fruto do "Espírito" também é uma pluralidade de coisas. Alguns concluem, por isso, que seria inconsistente crermos que o fruto do "Espírito" seria uma pluralidade de coisas - sendo que "fruto" está no singular; seria mais sensato pensar que seja uma única característica (o Amor), e que as demais sejam ferramentas desta característica. Contudo, o pensamento de que o fruto seja apenas um e que possui uma pluralidade de características, não é nem um pouco inconsistente comparando a outros textos da Bíblia sagrada. Lembre-se que cremos em apenas um Deus, mas que este único Deus é eternamente existente em três pessoas distintas, mas iguais em essência. Lembre-se também do demônio chamado Legião [Mc 5.9]. Ele disse: "... Legião é o meu nome [singular], porque somos muitos [plural]." É perfeitamente plausível que o fruto do "Espírito" sejam 9 em 1; cada característica agindo no momento devido e oportuno.

Não me parece justo forçar um texto bíblico a dizer aquilo que ele não diz com exatidão. Acredito que ao invés de nos preocuparmos em querer entender aquilo que a Bíblia não diz, deveríamos investir o nosso tempo em aceitá-la.

Veja bem, é perceptível que estas características do fruto do "Espírito" são semelhantes às características - ou ferramentas - do amor, descritas em I Co 13.1-8. Porém, perceba que no versículo 13 de I Co 13 Paulo escreveu: "Assim, permanecem agora estes três: a , a esperança e o amor..." Ele fez uma clara diferença entre "Fé" (pistis) e "Amor" (agape), mesmo que no versículo 7 ele diga que o "Amor" (agape) "tudo crê"; e este "Crê" é pistis. E "Fé" (pistis) é uma das características do fruto do "Espírito". Então, embora a Fé faça parte das ferramentas do Amor, pistis agape são palavras distintas e possuem significados particulares. Se Paulo quisesse dizer que o fruto do "Espírito" é o Amor, e que as demais características são meras ferramentas deste Amor, ele teria dito isso claramente, ao invés de listá-las uma atrás da outra, de forma ordenada.

Outro ponto a ser analisado nesta questão é se este "Espírito" é realmente o Espírito Santo ou o espírito humano.

A maioria das Bíblias trás a letra "E" em maiúsculo, indicando que este fruto é do Espírito Santo. Porém, não há nenhuma palavra anterior ou posterior que indique isso. Na verdade, todo o contexto de Gálatas 5.16-26 foi muito mal interpretado por alguns tradutores. Paulo não estava, em versículo algum, falando sobre o Espírito Santo; não há indicações claras disto. O que vemos é Paulo repetindo aquilo que também falou em Romanos 7.18-23. Paulo nos adverte, tanto em Romanos, quanto em Gálatas, que todo cristão nascido de novo trava uma "luta" contra si mesmo: Carne X Homem Interior (espírito humano). A diferença é que em Gálatas, Paulo lista qual é a lei em sua Carne - que são as obras da carne - e qual a lei em seu Homem Interior - que é o fruto do espírito.

Perceba também que Jesus nos chamou de ramos: Eu sou a videira, vós os ramos; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto, porque sem mim nada pois fazer [Jo 15.5]. Apesar dos ramos precisarem estar conectados à videira para poderem produzir uvas, são eles que as produzem. Também seria incoerente afirmar que "o fruto" seja do Espírito Santo, pois fruto é algo que nasce em alguma coisa, e o Espírito Santo não precisa que algo nasça nele, pois Ele já é completo desde a eternidade. Mas nós, como seres humanos incompletos, após a experiência do novo nascimento [II Co 5.17], precisamos que estas coisas nasçam em nós.

Em conclusão, vemos que O Fruto é apenas um, que se subdivide em amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança; de forma igual e ordenada. E que este Fruto não é do Espírito Santo, mas sim do espírito humano. E ele é produzido em nós por estarmos conectados com o Senhor Jesus.



Texto: Gabriell Stevenson

A santíssima trindade revelada no Novo Testamento

By : Gabriell Stevenson

No artigo anterior, sobre a santíssima trindade no Antigo Testamento, observamos algumas evidências quanto a trindade de Deus no Antigo Testamento. Vimos que possuímos fortes razões para crermos que Deus Pai deixara algumas pistas quanto ao Filho (Jesus) e o Espírito Santo fazerem parte da Sua divindade. Contudo, como veremos a seguir, apenas no Novo Testamento é que as sombras das coisas passadas se dissiparam [Cl 2.17 | Hb 10.1] e a verdade outrora oculta fora finalmente revelada [Cl 1.26].

Para entendermos melhor, iremos dividir este estudo em duas partes: Jesus e o Espírito Santo. Assim, poderemos ver com clareza e exatidão algumas das várias passagens bíblicas que comprovam a dinvindade do Filho e do Espírito.

1. Jesus

"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus... Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez." - João 1.1,3

"Eu e o Pai somos um." - João 10.30

"E quem vê a mim vê aquele que me enviou." - João 12.45

"... porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente." - Jo 5.19

"Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade." - Colossenses 2.9

Estes são apenas alguns dos vários versículos que podem ser encontrados na Palavra de Deus, que comprovam a divindade de Cristo. O evangelho segundo João foi o que mais enfatizou o Senhor Jesus como sendo parte da divindade de Deus. Ele faz referências até mesmo à criação do mundo, afirmando que Jesus é Deus - não um Deus, mas Deus -, e também afirma que tudo quanto foi feito, por Ele foi feito. Neste mesmo evangelho, vemos Jesus fazendo declarações a cerca de si mesmo, afirmando ser um só com o Pai, e que todo aquele que olhasse para Ele, estaria olhando para Deus, pois Jesus era a perfeita imagem de Deus aqui na terra [Hb 1.3]; realizando as mesmas obras. Paulo também defende a dinvindade de Cristo, afirmando que nele habita corporalmente toda a plenitude divina. Seria impossível para Jesus, se fosse um simples homem, possuir toda a plenitude divina habitando em si mesmo.

Além destas passagens, existem outras referências a cerca de Jesus, no Novo Testamento, que o colocam em pé de igualdade com o Deus Pai:

Eu sou - Êxodo 3.14 | João 8.58

Redentor - Isaías 47.4 | Tito 2.14

Salvador - Isaías 43.3 | Tito 3.6

Juiz - Salmo 98.9 | Atos 17.31

Senhor - Isaías 6.1 | João 12.41

Ao longo de todo o Novo Testamento, podemos observar várias dessas comparações entre Jesus e o Pai, igualando-os. A própria vida de Cristo, e o testemunho de todas as professias sendo cumpridas Nele, provam que Jesus é o Messias e Deus.

2. Espírito Santo

O próximo passo agora é vermos como pode o Espírito Santo também ser Deus, mas antes devemos responder a uma pergunta: o Espírito Santo também é uma pessoa, assim como o Pai e o Filho?

"Mas eles foram rebeldes, e contristaram o seu Espírito Santo..." - Isaías 63.10

"E não entristeçais o Espírito Santo de Deus..." - Efésios 4.30

"... esse vos ensinará todas as coisas..." - João 14.26

Os judeus não convertidos acreditam que o Espírito Santo não seja uma pessoa, mas apenas uma "força dinâmica" de Deus. Porém, estes três versículos demonstram que o Espírito Santo é uma pessoa, assim como Deus Pai e Deus Filho o são, pois tem sentimentos e inteligência. Apenas uma pessoa poderia possuir tais atributos. Também podemos observar em Atos 5.3 que existe a possibilidade de mentirmos para o Espírito, e, como sabemos, só se pode mentir à uma pessoa.

Percebendo isto, vamos analisar como o Espírito Santo fora revelado como participante da mesma divindade do Pai e do Filho:

"E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador..." - João 14.16

A palavra usada para "outro" é allos, que significa "outro do mesmo tipo"; diferente de heteros, que significa "outro de outro tipo". Jesus, igualou o Espírito Santo a Ele mesmo. Está evidente, por esta declaração, que o Espírito possui a mesma natureza de Cristo - que possui a mesma natureza do Pai.

Em I Coríntios 3.17, Paulo disse: "... o Senhor é o Espírito...", claramente evidenciando o Espírito Santo como Deus. O apóstolo Pedro também o revela como Deus: "... mentisses para o Espírito Santo... Não mentiste aos homens, mas para Deus." [At 5.3-4]. E além destes versículos podemos observar, por meio de muitas passagens, os mesmos atributos de Deus no Espírito Santo: Ele é a verdade [I Jo 5.6]; Ele é onipresente e onisciente [Sl 139.7 | I Co 2.10]; Ele é criador [Sl 104.29-30]; etc.

O fato de muitos judeus não crerem na santíssima trindade - ou que pelo menos o Senhor seja um Deus eternamente existente em mais de uma pessoa - é por não crerem no testemunho fiel do Senhor Jesus e nem do Espírito Santo, como sendo igualmente divinos como o Pai - para estes, Jesus não fora o Cristo e o Espírito Santo não passa de uma "força dinâmica" de Deus Pai. Podemos observar, porém, por todas as Sagradas Escrituras do Novo Testamento, que muitos judeus seguiram e creram em Cristo; aceitando a Sua divindade e a do Santo Espírito.

Os islâmicos, como foi assinalado no texto anterior, também recusam a ideia de que Deus seja uma trindade; dizem ser impossível 1+1+1 ser igual a 1, logo rejeitam que Deus possa ser uma trindade. Os islâmicos nem sequer aceitam que Jesus seja o Messias; afirmam que os discípulos de nosso Senhor deturparam a Sua mensagem e que Jesus não passou de mais um profeta que surgiu antes da aparição de Maomé - da mesma forma que acusam os judeus de não terem a verdadeira revelação de Deus.  Contudo, a matemática e a lógica de Deus são diferentes das dos homens. Por vezes, 1+1 é igual a 1 [Mc 10.8]. E assim como 1 vence 1 Mil, 2 não vencem 2 Mil, mas 10 Mil [Dt 32.30]. Veja, também, como o Senhor Deus criou alguns elementos da natureza: o átomo, que é formado por neutron, proton e eletron (três em um); a música, que é formada por armonia, ritmo e melodia (três em um). Podemos observar, então, por estes pequenos exemplos, que até mesmo a Loucura de Deus (que é loucura para os que perecem, mas sabedoria para os que creem - I Co 1.23-24) é maior do que a sabedoria de meros humanos [I Co 1.25].

Veja este desenho que poderá esclarecer melhor a formação da trindade:


O Filho não é o Pai, nem o Espírito. O Pai não é o Filho, nem o Espírito. O Espírito não é o Pai e nem o Filho. Mas todos os três são três pessoas divinas que formam um único Deus. Porém, diferentes do átomo e da música, os três são perfeitamente iguais em tudo; possuem a mesma natureza, apenas exercem funções diferentes.


O mistério da santíssima trindade no Antigo Testamento

By : Gabriell Stevenson

A doutrina da trindade é mais discutida - e rejeitada - do que muitos cristãos pensam. Enquanto muitos cristãos sinceros e verdadeiros estão sendo ensinados a respeito da santíssima trindade (um único Deus, mas eternamente existente em três pessoas), outros grupos, como as Testemunhas de Jeová, judeus, islâmicos, etc., tem negado esta doutrina - estes possuem visões "unicistas" ou "unitaristas", em que consiste que Deus é apenas um, existente como uma só pessoa.

A bíblia é a base para a fé de todo e qualquer cristão verdadeiro; sem acréscimos literários ou revelações sobrenaturais. É por ela, e apenas por ela, que teremos de analisar esta discussão. Antes disso, precisamos entender que judeus e islâmicos não aceitam em definitivo a divindade de Cristo, e que judeus e islâmicos também não creem no mesmo Deus - um crê é Jeová (ou Yahweh) e outro em Alá. Contudo, apesar disto, o único grupo que iremos excluir num primeiro momento são os islâmicos.

Partiremos do Antigo Testamento, analisando algumas evidências sobre o único Deus existente em mais de uma pessoa:

"E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra." - Gênesis 1.26

Esta é a passagem mais utilizada para se defender a doutrina da trindade no Antigo Testamento. É obvio que não podemos determinar, apenas por esta passagem, que se trata de um Deus trino. Contudo, podemos perceber que Deus está se referindo a Ele mesmo, porém falando com pelo menos mais uma pessoa; alguns acusam que este versículo pode estar se referindo a Deus falando com os anjos, mas nós não fomos criados a imagem dos anjos (não existem evidências que confirmem isso), fomos criados a imagem de Deus [Gn 1.27].

Outro texto onde podemos observar evidências sobre a trindade se encontra no capítulo 11 de Gênesis:

"Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro." - Gênesis 11.7

Aqui, o Senhor também não poderia estar falando com anjos, pois o texto não demonstra a participação deles na confusão das línguas humanas; vemos que o Senhor foi o único responsável por esta ação sobrenatural [Gn 11.6-9]. Perceba, também, que Deus utilizou a expressão "desçamos e confundamos" o que nos passa a ideia de que Ele está falando com mais de uma pessoa; alguém igualmente divino.

Algumas palavras hebraicas podem também nos ajudar a compreender o mistério da trindade no Antigo Testamento; como Echad Elohim.

1. Echad

"Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor." - Deuteronômio 6.4

No hebraico, echad significa uma unidade composta; é diferente de yachid, que significa uma unidade simples. Alguns outros versículos podem clarear o nosso entendimento quanto a isso. Por exemplo, em Gênesis 22.2, quando Deus pede Isaque a Abraão, Ele usa a palavra yachid (unidade simples); e em Gênesis 2.24, quando o Senhor fala a respeito do homem e sua esposa se tornarem uma só carne, Ele usa a palavra echad (unidade composta - neste caso, dois que se tornam um).

2. Elohim

"No principio criou Deus os céus e a terra." - Gênesis 1.1

A palavra usada para "Deus" na verdade é elohim. Elohim é o plural da palavra Elohi, e deve ser entendida como "deuses", literalmente. É interessante que elohim é sempre acompanhada de prefixos no singular, o que pode evidenciar uma unidade composta - como ocorre no caso de echad. Os grupos que refutam a doutrina da trindade afirmam que o uso do termo elohim não implica numa evidência à trindade, mas é usada apenas para um sentido de "plural majestático", ou seja, uma reafirmação do poder de Deus como sendo "poderosíssimo". Esta afirmação não está de um todo equivocada, porém, até mesmo eles aceitam que a tradução correta para elohim seja "deuses", mas, apenas por dedução, acreditam que, quando aplicada ao Senhor, elohim serve apenas para exautar/ampliar ainda mais a Sua majestade e poder. Essa dedução se dá pelo uso de elohim nos textos referentes a Dagom [I Sm 5.7], Asterote [I Rs 11.5] e Moisés [Êx 7.1]. Bem, no caso de Moisés, Deus disse que ele seria como um representante do próprio Deus para faraó. Se Moisés estava representando um Deus que era uma unidade composta, então deveria ser usada a palavra elohim. No caso dos deuses pagãos Dagom e Asterote poderia facilmente significar uma composição de vários demônios que atuavam como sendo um único deus pagão: Dagom ou Asterote. Vemos um exemplo disso no encontro de Jesus com o demônio legião ... Legião é o meu nome [singular], porque somos muitos [plural].” [Mc 5.9]. Este encontro é uma evidência clara de que os demônios podem atuar juntos, assumindo uma única identidade - como uma unidade composta.

De fato, nenhuma destas evidências aponta com clareza à trindade, mas isso se dá porque nem Cristo e nem o Espírito Santo haviam sido identificados como sendo pessoas da divindade; isso ocorreu apenas no Novo Testamento. Mas, antes de finalizarmos, um fato interessante sobre o Santo Espírito deve ser analisado aqui. Os judeus (e outros grupos), em um contexto geral, afirmam que o Espírito Santo nada mais é do que uma "força dinâmica" de Yahweh. Contudo, Isaías nos mostra que o Espírito Santo é sim uma pessoa: "... e contristaram o seu Espírito Santo..." [Is 63.10]. Uma simples "força dinâmica" não poderia ser dotada de sentimentos; apenas a uma pessoa isso seria possível. Isaías evidênciou aquilo que seria totalmente revelado no Novo Testamento e isto deve ser levado em consideração; o próprio Paulo provavelmente se utilizou desta passagem quando disse que não devemos entristecer o Espírito Santo [Ef 4.30].

Bem, parece-me claro que o Senhor deixou muitas pistas quanto a Sua pluralidade; sendo constatadas por essas passagens e palavras hebraicas que aqui analisamos.

Continua...

Texto: Gabriell Stevenson

As testemunhas de Jeová e a Bíblia

By : Gabriell Stevenson

Creio que seja difícil alguém dizer que nunca falou com uma Testemunha de Jeová. Mesmo em cidades grandes, eles não se limitam às casas, mas adentram também nos prédios, batendo de apartamento em apartamento se preciso for; mas talvez ainda haja alguém que de fato nunca conversou com um, ou que pelo menos não sabia que estava conversando. As Testemunhas de Jeová são um grupo muitas vezes confundido com os evangélicos, contudo, eles mesmos não se consideram como tal – de fato há muitas diferenças entre os dois grupos; a começar por algumas de suas crenças.

As Testemunhas de Jeová (TJs) afirmam que consideram a Bíblia como a Palavra absoluta de Deus e que baseiam nela todas as suas crenças. Mas os seus ensinamentos, na verdade, contrariam muitos dos ensinamentos bíblicos. A proposta deste texto é o de analisarmos estas diferenças e assinalarmos as suas diferenças doutrinárias com a Bíblia Sagrada.

1. A Bíblia. As TJs usam uma versão modificada a Bíblia, chamada Tradução do Novo Mundo (TNM). Através da leitura, nota-se facilmente que os líderes das TJs que produziram a TNM não eram acadêmicos bíblicos. Só para começarmos, a mais óbvia diferença entre a TNM e outras Bíblias é o uso de “Jeová” no Novo Testamento. As TJs afirmam que o Novo Testamento usava originalmente o nome hebraico YHWH (traduzido como “Jeová” ou “Yahweh”) e que escribas apóstatas o substituíram por “Senhor” (gr. Kurios). Não existe evidências históricas ou manuscritas para embasar esta afirmação.

2. Pai, Filho e Espirito Santo. As TJs ensinam que somente o Pai é Jeová, o Deus Todo-Poderoso; o Filho, Jesus Cristo, é um “deus” inferior ao Pai; e o Espírito Santo é uma “força impessoal” que emana de Deus. A Bíblia, por outro lado, ensina que o Pai, o Filho e o Espirito Santo são Deus [Jo 1.1; 17.3; 20.28 | At 5.3-4 | II Co 3.17-18 | Tt 2.13]. O Filho tudo criou [Hb 1.10-12] e deve ser honrado como Deus [Jo 5.23 | Hb 1.6 | Ap 5.13]. O Espirito Santo é uma pessoa, chamada “Consolador” ou “Ajudador” – do grego parakletos; Ele ensina, fala, e dá testemunho de Jesus [Jo 14.16, 26; 15.26-27; 16.13-14].

3. A morte, a alma e a punição eterna. De acordo com as TJs, quando os seres humanos não salvos morrem, deixam de existir, não havendo punição eterna para os ímpios. No entanto, a Bíblia ensina que os seres humanos continuam a existir depois da morte, como espíritos à espera da ressurreição e do Juízo Final [Lc 16.19-31; 23.43 | Hb 12.9,23 | Ap 6.9-11]. A TNM traduz Lucas 23.43 e os textos hebraicos de forma distorcida, a fim de evitar esta conclusão. A Bíblia também nos ensina que os ímpios sofrerão a punição eterna [Mt 25.46 | Ap 14.9-11; 20.10].

4. A ressurreição e o retorno de Jesus. As TJs acreditam que Deus ressuscitou Jesus dos mortos como um espírito angelical, com um determinado corpo espiritual. Negam que Ele retornará visível e pessoalmente para a Terra. As Escrituras Sagradas, contudo, ensinam que Jesus ressuscitou com um corpo físico glorificado e imortal. Seu corpo possuía carne e ossos, mãos e pés, e até mesmo os sinais da crucificação [Lc 23.49 | Jo 2.19-22; 10.17-18; 20.20, 25 | At 2.24-32]. Embora seja a segunda pessoa da Divindade, Jesus é também homem glorificado [At 17.31 | I Co 15.47 | I Tm 2.5]; A Bíblia Sagrada também nos revela que Ele retornará pessoal e fisicamente à Terra [At 1.9-11; 3.19-21 | I Ts 4.16 | Hb 9.26-28].


5. Salvação. As TJs consideram que a morte de Jesus propicia um “resgate correspondente”, ou seja, liberta todas as pessoas, em princípio, da condenação pelo pecado de Adão, mas para desfrutarem da Vida Eterna, também devem provar que são dignas por meio de suas obras. A doutrina bíblica, por outro lado, é bem diferente. Os crentes são salvos somente pela graça de Deus e pela fé em Jesus Cristo, e suas boas obras são o fruto da salvação, e não o pré-requisito para ela [Rm 3.21-28; 5.1-11 | Ef 2.8-10 | Tt 3.4-8].

Os 10 mandamentos e o Novo Testamento II: Jesus e a Lei

By : Gabriell Stevenson

Como dito na primeira parte desta serie, existem pensamentos diferentes quanto a validade dos 10 Mandamentos. Muitos cristãos creem que os 10 Mandamentos permanecem inalterados e válidos para hoje. Outros dizem que são válidos, mas com pequenas ou grandes modificações. Enquanto que um terceiro grupo crê que nada daquilo é mais válido, e que Cristo e os Apóstolos nos trouxeram uma nova Lei. Entre outros tipos de pensamentos.

A Pure Church For Christ crê que nada da Lei, propriamente – e não apenas os 10 Mandamentos –, servem como ordenanças para nós hoje, salvo os que encontram base firme na Lei do Espírito de Vida [Rm 8.2]; que é firmada na Fé e no Amor [Rm 3.21-22, 27 | Rm 13.10]. Exemplos claros de referências da Lei que devemos seguir são: honrar pai e mãe [Êx 20.12 | Ef 6.2]; amar o próximo como a si mesmo [Lv 19.34 | Tg 2.8]; amar a Deus de todo nosso coração, e de toda nossa alma, e com todas as nossas forças [Dt 6.5 | Lc 10.25-28]. Não matar [Êx 20.13 | Rm 13.19]. Entre outras coisas. Contudo, podemos observar alguns acréscimos, ou melhorias nesses mandamentos. Como por exemplo: “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” [Jo 15.12]. E: “Qualquer que odeia o seu irmão é homicida...” [I Jo 3.15]. Veja que não devemos mais apenas amar o próximo como a nós mesmos, mas amá-lo como a nós mesmos e como Cristo nos amou; e que o ato de odiar alguém já nos caracteriza como assassinos, e não apenas o fato de matarmos literalmente.

Analisaremos então quais mudanças ocorreram dentre os 10 Mandamentos e como devemos encará-los atualmente:

1. Não terás outros deuses diante de mim. Bem, está claro que se trata de um mandamento ainda válido. Mas para darmos base a isso, vamos ver o que Paulo escreveu: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” [I Tm 2.5].

2. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás... Quanto ao culto idolatra a palavra de Deus, no Novo Testamento, diz: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém. [I Jo 5.21]. E também: “... porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos?... [II Co 6.14-16]. E para finalizar: “Não erreis:... nem os idólatras... herdarão o Reino de Deus.” [I Co 6.10].

3. Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão. O significado de tomar do nome de Deus em vão é muito debatido, porém muito simples de ser resolvido: vamos averiguar a palavra no original. “Vão” vem o hebraico saw, da mesma raiz hebraica de soah, trasendo um sentido de desolador; seu significado primário é o de “engano”, “mentira” ou “falsidade”. Secundariamente, pode significar algo “inútil”. Podemos então, concluir que tomar o nome de Deus em vão é toma-lo com intenções más – como a mentira, a falsidade e o engano –, ou com intenções inúteis. Falar o nome de Deus, com más intenções e de forma inútil continua sendo pecado, pois a Bíblia diz que o nome de Deus é santo [Mt 6.9].

4. Lembra-te do dia do sábado, para o santificar... Este é um mandamento que fora revogado nos dias do Novo Testamento. Vemos que Cristo se declarou como sendo o Senhor até do Sábado [Mc 2.27-28], afirmando que não era o sábado mais importante que o homem, pois o homem não foi feito para o sábado e sim o sábado para o homem. Hebreus 4.4-10 afirma que podemos entrar no descanso do Senhor [Gn 2.3] por meio de Cristo. Colossenses 2.17 nos adverte que estes sábados eram apenas sombras de coisas futuras (o descanso relatado em Hebreus 4.4-10 é o nosso descanso no Senhor): “... ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” Gálatas 4.9-11 diz: “Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco.” Perceba que Paulo chama a guarda de dias como um rudimento fraco e pobre e que não precisamos mais servi-los. E, finalizando, Paulo fala em Romanos 14.5-6 que aqueles que fazem diferença entre dias para o Senhor o fazem, mas os que não fazem diferença para o Senhor o fazem, também, não havendo condenação para ninguém: “Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz...

5. Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá. Horar pai e mãe continua sendo um mandamento para o Novo Testamento, contudo, Paulo acrescenta “... para que prosperes...” na interpretação deste mandamento [Ef 6.2-3]. Também institui ordenanças para os pais em relação aos filhos: “E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor [Ef. 6.4].

6. Não matarás. Mais um texto que continua, mas que sofreu acréscimos, como já vimos no começo deste texto. Jesus ensinou que: “... qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno.” [Mt 5.22]. E o apostolo João nos ensina: “Qualquer que odeia a seu irmão é homicida...” [I Jo 3.15].

7. Não adulterarás. O adultério condenado no Antigo Testamento era efetuado carnalmente, porém, Jesus nos trás uma nova luz a respeito do adultério: “...qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” [Mt 5.28]. Ou seja, o simples fato de cobiçar, desejar, imaginar, já é causa de adultério. Adultério também se tornou assunto de divorcio: “...qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.” [Mt 5.32] E: “...qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.” [Mt 19.9].

8. Não furtarás. I Coríntios 6.10 diz: “Não erreis... nem os ladrões... herdarão o Reino de Deus.” E Jesus descreveu que satanás era como um ladrão [Jo 10.10], logo, roubar é o mesmo que assemelhar-se ao diabo, assim como mentir também o é [Jo 8.44].

9. Não dirás falso testemunho. Apocalipse 21.8 diz: “Mas, quanto... a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre...” E quem é mentiroso é filho do diabo, pois ele é o pai da mentira [Jo 8.44].

10. Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo. Paulo caracteriza os cobiçosos, ou avarentos, como pessoas das quais devemos sempre mantermos distancia, pois são homens corruptos [II Tm3.2-8]. E, como já vimos, aquele que cobiça a mulher do próximo, além de cometer o pecado da cobiça, também comete o pecado do adultério [Mt 5.28].


Como são bem visíveis, muitos destes textos sofreram mudanças. O Senhor Jesus até mesmo “complicou” a vida de alguns cristãos carnais (como os que gostam de desejar as mulheres em seus pensamentos). Devemos entender que o fim da lei é Cristo [Rm 10.4] e que se formos ensinar às igrejas os mandamentos de Deus, não deveríamos nos utilizar dos 10 Mandamentos dados a Moisés, mas sim os textos do Novo Testamento; mas se usarmos os 10 Mandamentos, que seja apenas para mostrar as mudanças sofridas durante a transição da Antiga para a Nova Aliança [Hb 7.12,18-19; 8.13], senão estaremos ensinando aos cristãos, ordenanças limitadas e fracas. Também não devemos reformular os 10 Mandamentos como a Igreja Católica Romana fez. Mais uma vez eu digo: se formos usar os mandamentos do Antigo Testamento, devemos primeiro encontrar uma base dentro do Novo.

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Os 10 mandamentos e o Novo Testamento I: Quais são?

By : Gabriell Stevenson

Muitos cristãos acreditam que os 10 mandamentos dados por Deus a Moisés ainda são válidos para os tempos do Novo Testamento, contudo, concordam que há mudanças – como, por exemplo, a revogação da guarda do sábado –, enquanto que outros creem que eles permanecem inalterados. Também há certa discordância quanto à divisão destes mandamentos.

Nesta primeira parte da serie sobre Os 10 mandamentos e o Novo Testamento, iremos analisar quais são, de fato, os 10 mandamentos dados por Deus a Moisés. Bem, resumindo, os 10 mandamentos (ou decálogo) é a síntese de toda a Lei de Deus no Antigo Testamento. E eles se encontram primeiramente em Êxodo 20.3-17 (sendo repetidos em Deuteronômio 5.7-21).

Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos. Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão. Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou. Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá. Não matarás. Não adulterarás. Não furtarás. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.” - Êxodo 20.3-17

Flávio Josefo, um historiador e apologista judaico-romano, descendente de uma linhagem de importantes sacerdotes e reis, dividia os dez mandamentos da seguinte maneira: o versículo 3 como o Primeiro Mandamento, os versículos 4 a 6 como o segundo mandamento, o versículo 7 como o terceiro mandamento, os versículos 8 a 11 como sendo o quarto mandamento, e os versículos 12 a 17 são do quinto ao décimo mandamento, sendo um versículo para cada mandamento (Antigüidades Judaicas, Vol. 3, Cap. 5 §5). Esta é a mais aceita entre os protestantes.

Agostinho, assim como outros, consideravam os versículos 3 a 6 como um só mandamento, ignorando o versículo 4, mas dividiam o versículo 17 em dois mandamentos, o nono a respeito da cobiça da mulher alheia e o décimo contra cobiçar os seus pertences. A divisão de Agostinho foi adotada pela Igreja Católica Romana. Com o passar do tempo, contudo, a igreja católica alterou demasiadamente as palavras originais de Êxodo 20: 1. Amar a Deus sobre todas as coisas. 2. Não usar o Santo Nome de Deus em vão. 3. Santificar o domingo e festas de guarda. 4. Honrar pai e mãe. 5. Não matarás. 6. Não adulterarás. 7. Não furtarás 8. Não levantarás falsos testemunhos. 9. Não desejarás a mulher do próximo. 10. Não cobiçarás as coisas alheias. As modificações foram inspiradas nas pregações de Jesus.

Perceba que há muita inconsistência entre os pensamentos a respeito dos 10 mandamentos. E por vezes os cristãos ficam se sentindo perdidos com respeito a isso. A nossa proposta aqui é analisar qual seria a divisão mais assertiva, baseada no próprio contexto de Êxodo 20.3-17. Creio que esta seja, com certeza, a divisão feita por Flávio Josefo, pois os 10 mandamentos de Agostinho e os 10 mandamentos atuais da Igreja Católica Romana se mostram incompatíveis com o texto de Êxodo.

Agostinho certamente desprezou o v.4 – descaradamente – pelo fato da Igreja Católica acolher imagens de seus santos; incluir o v.4 feriria o dogma católico quanto à fabricação e culto das imagens. Os “novos 10 mandamentos” propostos pela Igreja Católica Romana foram produzidos apenas para criar um firmamento para a sua doutrina. Como foi dito, eles se inspiraram no contexto de Êxodo, alterando suas palavras com referência às pregações de Cristo. Veja, por exemplo, que a Igreja Católica juntou o 1º e 2º mandamentos num só: amar a Deus sobre todas as coisas. Apesar de ser uma verdade, estas palavras não foram ditas por Deus a Moisés na ocasião [Êx 20.3-6], mas algo semelhante a isso foi dito apenas em Deuteronômio 6.5. O que quero dizer é que existe uma diferença entre prestar culto somente a Deus e amá-lo sobre todas as coisas; nós podemos amar a Deus e podemos amar as demais coisas, porém, só podemos cultuar a Deus e não as demais coisas; e Deus estava claramente falando sobre prestação de culto e idolatria. Também há uma inconsistência entre o 9º e 10º mandamento deles; Deus havia dado os dois como sendo um só mandamento [Êx 20.17]. Essa divisão ocorreu por terem unido o 1º e 2º mandamento, mas excluindo o v.4, como Agostinho fez.

Por estes fatos, podemos concluir que os 10 mandamentos da Igreja Católica não são os mesmos dados por Deus a Moisés. Infelizmente, esta cultura dos “novos 10 mandamentos” da Igreja Católica Romana invadiu as igrejas cristãs protestantes, e comumente estamos ensinando-a em nossas escolas bíblicas ou até mesmo nos departamentos infantis e demais cultos. Se formos realmente ensiná-los, que façamos com fidelidade as Sagradas Escrituras.

Continua...

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Vinho e outras bebidas alcoólicas VI: A glória divina

By : Gabriell Stevenson

A figura divina, especialmente a de Jesus, é frequentemente usada pelos defensores do consumo de bebidas alcoólicas. Usam textos fora de seus contextos sociais, culturais e situacionais para defenderem a sua crença. Todavia, o vinho alcoólico nunca é usado para representar algo divino.

No livro das Revelações, por exemplo, João escreveu:

Também este beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro.” – Apocalipse 14.10

No texto fala-se que a ira de Deus é como um cálice cheio de vinho “não misturado”, puro. Esta pureza indica um vinho sem nenhum tipo de mistura, seja de água ou de fermento. O vinho sem mistura era o chamado vinho doce, aquele que possuía o seu percentual de açúcar normalizado, sem ter sido destruído pelo acréscimo de água ou de fermento. A ira de Deus representa o seu juízo justo e moral contra os pecadores e seus pecados [Jo 3.36 | Rm 2.5-9 | Ap 14.9-11] e apenas um vinho puro e não embriagante poderia representá-lo.

Jesus também usou o vinho como o principio de Seus milagres aqui na terra:

Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima. E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E levaram. E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho...” – João 2.7-9

Esse vinho – como vimos na parte IV desta série – não era o alcoólico, mas um vinho puro, livre de fermento. Os dados apresentados no artigo sobre as bodas de Caná apresentam fortes razões para rejeitarmos a opinião de que Jesus produziu vinho embriagante e/ou participou de uma festa de glutonarias e bebedeiras. Esse milagre demostrou a soberania de Deus na criação e a glória de Jesus como o Messias. Se Cristo tivesse dado de beber vinho alcoólico para os convidados das bodas, Ele estaria indo contra os princípios de Deus, que ditam o vinho embriagante como sendo alvoroçador [Pv 20.1] e como um caminho de morte [Pv 23.29-32] e que é errado dar bebida alcoólica para o próximo [Hc 2.15a].

Também havia uma determinação quanto ao consumo de bebidas alcoólicas para os sacerdotes:

Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu nem teus filhos contigo, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações; E para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo.” – Levítico 10.9-10

A glória de Deus era o que estava dentro da Tenda da Congregação; a glória representa o caráter de Deus – quem Deus é [Êx 33.18; 34.5-8]. E se a glória de Deus não aceitava a presença de bebida alcoólica dentro da Tenda, não poderíamos crer que era licito consumir bebida alcoólica. Deus considerava imundo todo sacerdote que tivesse consumido álcool; note que Ele não fala a respeito de estar bêbado, mas ao simples fato de terem bebido vinho fermentado ou qualquer bebida forte.

O texto de Levítico aqui citado, não nos serve mais como mandamento, mas apenas como reflexão da relação entre as bebidas alcoólicas e a glória de Deus no período do Antigo Testamento. A Lei Mosaica passou, pois Cristo é o fim da Lei [Rm 10.4]. Contudo, como já fora citado por diversas vezes, ao longo desta serie sobre bebidas fermentadas, encontramos a sabedoria de Deus contra o consumo de bebida alcoólica [Pv 20.1; 23.29-32 | Mt 24.48-51 | Ef 5.18] e contra a ação de dar bebidas para outras pessoas [Hc 2.15].

Perceba que nos três casos demonstrados podemos perceber que a conclusão é sempre a mesma: a glória de Deus não se mistura e nem aceita o consumo de bebida alcoólica. Tanto no Antigo, como no Novo Testamento percebemos conselhos contra o consumo desse tipo de bebida. Eu não posso e nem estou dizendo que consumir bebidas alcoólicas seja pecado, necessariamente. Não posso porque a bíblia não o diz que é. Não estou porque em momento algum eu usei estas palavras (ou alguma parecida): "beber é pecado". Contudo, eu creio e afirmo que Deus não aprova o consumo de álcool. Como resolver essa aparente contradição de minhas palavras? É simples. Pense no divórcio. Deus odeia o divórcio [Ml 2.16], mas não é pecado divorciar-se [I Co 7.10-11]; o pecado está em contrair novo matrimônio se a causa do divorcio tenha sido qualquer coisa menos os motivos tolerados [Mt 19.9 | I Co 7.15]. Do mesmo modo, eu creio que Deus desaprova o consumo de bebidas alcoólicas. Nos dois casos há uma desaprovação da parte de Deus, porque o Senhor sabe a destruição que é causada com o divorcio e sabe, também, que tipo de caminho o consumidor de bebidas alcoólicas está trilhando [Pv 23.29-32]. Acredito que os sentimentos de Deus quanto a essas duas coisas devem ser levadas em consideração.

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Vinho e outras bebidas alcoólicas V: Santa ceia

By : Gabriell Stevenson

E, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus. E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós.” – Lucas 22.17-20

A Santa Ceia é mais uma vitima dos defensores do consumo de bebidas alcoólicas – mesmo que em pequena quantidade. Muitos, por ignorância, debatem afirmando que é bem possível que o vinho da Santa Ceia fosse um vinho fermentado; abrindo brecha para o pensamento de que o consumo de bebida alcoólica é de decisão pessoal de cada cristão.

Nem Lucas, nem qualquer outro escritor dos Evangelhos emprega a palavra oinos (vinho fermentado ou não) no tocante à Ceia do Senhor. Os escritores dos três primeiros evangelhos empregam a expressão fruto da vide [Mt 26.29 | Mc 14.25 | Lc 22.18]. O vinho não fermentado é o único fruto da vide, contendo aproximadamente 20% de açúcar e nenhum álcool; o vinho fermentado não é produzido pela videira.

Jesus instituiu a Santa Ceia quando Ele e seus discípulos estavam celebrando a Páscoa. A lei da Páscoa em Êxodo 12.14-20 proibia a presença de seor [Êx 12.15], palavra hebraica para fermento ou qualquer agente fermentador. Além disso, todo o hametz (qualquer coisa fermentada) era proibido [Êx 12.19; 13.7]. Deus dera essas leis porque a fermentação comumente simbolizava a corrupção e o pecado. Jesus, o Filho de Deus, cumpriu da Lei todas as exigências que cabiam a Ele [Mt 5.17]. Logo, teria cumprido a Lei de Deus para a Páscoa, e não teria usado vinho fermentado.

Certos documentos judaicos afirmam que o uso de vinho não fermentado na Páscoa era comum nos tempos do Novo Testamento. Por exemplo: “Segundo os Evangelhos Sinóticos, parece que no entardecer da quinta-feira da última semana de vida aqui, Jesus entrou com seus discípulos em Jerusalém, para com eles comer a Páscoa na cidade santa; neste caso, o pão e o vinho do culto de Santa Ceia instituído naquela ocasião por Ele, como memorial, seria o pão asmo e o vinho não fermentado do culto Sedar” (“Jesus”. The Jewish Encyclopaedia, edição de 1904. V.165).

Em uma de suas epístolas, Paulo também usou a mesma simbologia do fermento. Ele afirmou que os coríntios deveriam retirar de seu meio o fermento da maldade e da malícia, alegando o fato de que Cristo é a nossa Páscoa [I Co 5.6-8]; está claro que, para o apóstolo, o fermento e a santa ceia eram incompatíveis.

O Cristo Rei e Sacerdote – duas faces do mesmo ministério de Jesus – também deve ser levado em consideração.

No tocante ao sacerdócio de Cristo, sabemos que Ele não poderia ter consumido bebida alcoólica. Após a Sua morte e ressurreição, o Senhor Jesus subiu aos céus como Sumo Sacerdote para apresentar o Seu próprio sangue como propiciação pelos nossos pecados [Hb 3.1; 5.1-10] e um sacerdote não poderia chegar-se a Deus se houvesse consumido bebida alcoólica [Lv 10.9].

Assim como o pão asmo representava o corpo puro de Cristo, o fruto da vide representava o sangue incorruptível de Cristo. Uma vez que a Bíblia declara que nem o corpo e nem o sangue de Cristo experimentaram corrupção [Sl 16.10 | At 2.27 ; 13.37], esses dois elementos são corretamente simbolizados por aquilo que não é corrompido nem fermentado – ainda que os sacerdotes do Antigo Testamento pudessem consumir bebida alcoólica longe da presença de Deus, isso não poderia se aplicar a Jesus, pois Ele estava em constante comunhão com o Pai e não poderia se contaminar em momento algum de Sua santa vida.

E no tocante ao poder real de Jesus, devemos compreender que haviam sérios conselhos em relação ao consumo de bebida alcoólica pelos reis. Provérbios 31.4-5 diz: "... não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte; para que bebendo, se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos..." Perceba que o vinho embriagante e qualquer outro tipo de bebida alcoólica eram tidos como algo que perverteriam a mente dos reis e o direito do povo; note também que não se fala em o rei estar bêbado, mas sobre o mero consumo de bebida alcoólica, que obviamente iria levá-lo, em algum momento, a vacilar e embriagar-se.

Levando em consideração todos esses casos abordados, algo como o vinho fermentado não poderia simbolizar a Nova e Eterna Aliança de Deus conosco por meio de Jesus Cristo, pois ela é justa, reta, e livre de corrupção.

Continua...
Veja a mensagem anterior:Vinho e outras bebidas alcoólicas IV: Bodas de Caná

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