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Postado por: Gabriell Stevenson segunda-feira, 27 de outubro de 2014


Apesar de não ser amplamente debatida, esta é uma discussão muito interessante. Apenas conversando com algumas pessoas, percebemos o quanto é divergente o entendimento dos cristãos com respeito a Gálatas 5.22-23.

Podemos observar pessoas dizerem: (1) O fruto do espírito (humano), ou (2) Os frutos do espírito (humano), ou (3) O fruto do Espírito (Santo), ou (4) os frutos do Espírito (Santo). Perceba que existem pelo menos quatro tipos básicos de entendimento a respeito desta passagem; mas ainda podemos observar subdivisões no primeiro e no terceiro pensamento: (a) uns dizem que este fruto é apenas o Amor e que as demais citações – alegria, paz, longanimidade, etc. – de Paulo, são apenas as ferramentas deste Amor. (b) Outros dizem que este fruto não se limita apenas ao Amor, mas que todas as citações de Paulo são igualmente, e separadamente, as reais características do fruto.

Entendendo que existem estas divergências, vamos agora ao analise do texto em questão:

Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra essas coisas não há lei.” – Gálatas 5.22-23

Em primeiro lugar, assim como discutido no artigo sobre Paulo e o terceiro céu, temos de entender que Paulo era um homem perfeitamente instruído na Palavra de Deus, e que, analisando todas as suas cartas, podemos dizer, com certeza, que Paulo sempre dizia exatamente o que ele queria dizer - sem mais, nem menos. Na verdade, muitas normas exegéticas e hermenêuticas são pura invenção humana para poderem deturpar a mensagem pura da Palavra. A principal norma que devemos entender e aceitar é: a Palavra diz exatamente o que ela quer dizer.

Paulo, ao escrever a sua carta aos gálatas, cita as obras (plural) da carne e o fruto (singular) do "Espírito". Parece ser um contraste muito grande quando observamos que as obras da carne são uma pluralidade de obras, enquanto que o fruto do "Espírito" também é uma pluralidade de coisas. Alguns concluem, por isso, que seria inconsistente crermos que o fruto do "Espírito" seria uma pluralidade de coisas - sendo que "fruto" está no singular; seria mais sensato pensar que seja uma única característica (o Amor), e que as demais sejam ferramentas desta característica. Contudo, o pensamento de que o fruto seja apenas um e que possui uma pluralidade de características, não é nem um pouco inconsistente comparando a outros textos da Bíblia sagrada. Lembre-se que cremos em apenas um Deus, mas que este único Deus é eternamente existente em três pessoas distintas, mas iguais em essência. Lembre-se também do demônio chamado Legião [Mc 5.9]. Ele disse: "... Legião é o meu nome [singular], porque somos muitos [plural]." É perfeitamente plausível que o fruto do "Espírito" sejam 9 em 1; cada característica agindo no momento devido e oportuno.

Não me parece justo forçar um texto bíblico a dizer aquilo que ele não diz com exatidão. Acredito que ao invés de nos preocuparmos em querer entender aquilo que a Bíblia não diz, deveríamos investir o nosso tempo em aceitá-la.

Veja bem, é perceptível que estas características do fruto do "Espírito" são semelhantes às características - ou ferramentas - do amor, descritas em I Co 13.1-8. Porém, perceba que no versículo 13 de I Co 13 Paulo escreveu: "Assim, permanecem agora estes três: a , a esperança e o amor..." Ele fez uma clara diferença entre "Fé" (pistis) e "Amor" (agape), mesmo que no versículo 7 ele diga que o "Amor" (agape) "tudo crê"; e este "Crê" é pistis. E "Fé" (pistis) é uma das características do fruto do "Espírito". Então, embora a Fé faça parte das ferramentas do Amor, pistis agape são palavras distintas e possuem significados particulares. Se Paulo quisesse dizer que o fruto do "Espírito" é o Amor, e que as demais características são meras ferramentas deste Amor, ele teria dito isso claramente, ao invés de listá-las uma atrás da outra, de forma ordenada.

Outro ponto a ser analisado nesta questão é se este "Espírito" é realmente o Espírito Santo ou o espírito humano.

A maioria das Bíblias trás a letra "E" em maiúsculo, indicando que este fruto é do Espírito Santo. Porém, não há nenhuma palavra anterior ou posterior que indique isso. Na verdade, todo o contexto de Gálatas 5.16-26 foi muito mal interpretado por alguns tradutores. Paulo não estava, em versículo algum, falando sobre o Espírito Santo; não há indicações claras disto. O que vemos é Paulo repetindo aquilo que também falou em Romanos 7.18-23. Paulo nos adverte, tanto em Romanos, quanto em Gálatas, que todo cristão nascido de novo trava uma "luta" contra si mesmo: Carne X Homem Interior (espírito humano). A diferença é que em Gálatas, Paulo lista qual é a lei em sua Carne - que são as obras da carne - e qual a lei em seu Homem Interior - que é o fruto do espírito.

Perceba também que Jesus nos chamou de ramos: Eu sou a videira, vós os ramos; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto, porque sem mim nada pois fazer [Jo 15.5]. Apesar dos ramos precisarem estar conectados à videira para poderem produzir uvas, são eles que as produzem. Também seria incoerente afirmar que "o fruto" seja do Espírito Santo, pois fruto é algo que nasce em alguma coisa, e o Espírito Santo não precisa que algo nasça nele, pois Ele já é completo desde a eternidade. Mas nós, como seres humanos incompletos, após a experiência do novo nascimento [II Co 5.17], precisamos que estas coisas nasçam em nós.

Em conclusão, vemos que O Fruto é apenas um, que se subdivide em amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança; de forma igual e ordenada. E que este Fruto não é do Espírito Santo, mas sim do espírito humano. E ele é produzido em nós por estarmos conectados com o Senhor Jesus.



Texto: Gabriell Stevenson

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