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Postado por: Gabriell Stevenson terça-feira, 13 de janeiro de 2015




Os argumentos socioculturais talvez sejam os mais usados e plausíveis quanto à questão das tatuagens. Nesta ultima parte da serie sobre O cristão e a tatuagem, iremos abordar alguns dos argumentos mais comumente usados na tentativa de convencer os outros a não fazerem as tatuagens.

1. E quando você ficar velho? Bem, já vi muitos idosos tatuados. Mesmo aqueles que não cuidaram bem de seus corpos, quanto à alimentação e tratamentos de pele e cabelo, não ficaram com uma aparência grotesca, muito pelo contrário, a única mudança foi a da própria velhice da pele; as pinturas não foram afetadas ao ponto de se tornarem horrendas. Aqueles que cuidaram bem de sua saúde física possuem uma estética ainda melhor, obviamente. Claro que o cristão deve pensar na ideia da velhice e como poderá ficar a sua aparência, mas muitos idosos que são tatuados sentem-se muito bem com elas, e as expõem naturalmente, assim como faziam quando eram jovens. Alguém até mesmo falou: “Quando eu ficar velho, eu serei um velho tatuado”. Ou seja, ele está ciente de sua escolha.

2. E se você se arrepender? Sei que muitas pessoas se arrependem, contudo, porque o fazem? Alguns motivos são: Tatuagens com nomes de pessoas, tatuagens com símbolos pagãos, tatuagens de baixa qualidade, tatuagens com grafia errada, tatuagens feitas por impulso ou modismo, etc. Ou seja, são situações muito particulares e impensadas.

3. Mas e o que os outros irão dizer? Bem, o argumento do “escândalo” é bastante usado, mas muito relativo. Lembra-se da época, por exemplo, em que ter uma bateria ou guitarra dentro das igrejas era considerado um escândalo, só pelo fato de bandas de rock as usarem? Lembra-se também que ainda existem muitas igrejas que consideram “escândalo” a mulher usar calças e o homem deixar o cabelo crescer? Se de fato vamos levar em consideração todo “escândalo” que alguém pode sentir em relação às tatuagens, deveríamos proibir em todas as igrejas que as mulheres usem calças e que os homens deixem seus cabelos crescerem; que seja proibido também as mulheres se depilarem; as igrejas onde há pulos, batidas de palmas e até orações em línguas deveriam parar com essas coisas, pois outros – não poucos – cristãos se sentem escandalizados com essas coisas. E então, vamos proibir tudo isso e muito mais?

4. Tatuagem agride a pele. Com certeza, mas usar brinco também é uma agressão. Doí, sangra um pouco e deixa a orelha rocha por um tempo. Mas as mulheres os usam por uma questão de estética. Muitas injeções também doem bastante e agridem a pele, já que a perfuram, e mesmo assim são necessárias para a nossa saúde. Deus também não me parecer estar muito preocupado com a agressão à nossa pele, já que Ele mesmo ordenou que todo povo de Israel fosse circuncidado [Gn 17.26-27 | Lv 12.3]. Ele também instituiu que o servo que quisesse permanecer com o seu senhor por livre vontade deveria ser marcado - com um prego - em sua orelha junto à porta; ou seja, uma baita de uma agressão. Baseado nesses fatos, não acredito que seja a agressão à pele o problema – pois isso não é caracterizado como pecado – e sim o que você fará com ela. Se alguém for consciente e não tatuar coisas que o farão arrepender-se depois, ou que não firam as Sagradas Escrituras, tudo estará bem.

5. Se Deus me quisesse assim, eu teria nascido tatuado. Se formos analisar o caso desta forma, também seria errado o uso de brincos, pois se Deus quisesse as mulheres com buracos nas orelhas, já teriam nascido assim. Se Ele as quisesse sem pelos nas pernas e axilas, também as teriam feito assim. Será que o fato das mulheres se depilarem e usarem brincos desagrada a Deus?! Claro que não. E não adianta argumentar que as mulheres se depilam por uma questão de higiene. Se fosse tão mal assim, Deus mesmo as teria feito sem pelo algum no corpo, já que Ele sempre quer o nosso bem, mas, pelo contrário, Ele pôs no DNA delas que nascesse pelos em seus corpos durante a adolescência – assim como ocorre com os homens. Como já foi falado, as mulheres, por uma questão de estética, é que fazem isso.

6. Fazer tatuagem é dizer que você não está satisfeito com a criação de Deus. Esta, com certeza, é a pior argumentação que já ouvi. Às vezes, por não termos muitos argumentos começamos a usar de tudo para convencer o outro de que ele está errado. Pois bem, se fazer tatuagem é o mesmo que estar insatisfeito com a criação de Deus, então manipular o cabelo, pintar os olhos e unhas, e depilar-se seriam atitudes de insatisfação quanto ao que Deus fez. Pois se Deus fez alguém para ter cabelo encaracolado e este alguém o alisa, então está insatisfeito com a criação de Deus? Que absurdo. Então vamos condenar os salões de beleza. Vamos pregar em nossos púlpitos que as mulheres não devem se pintar, pois se Deus as quisessem com a boca marrom, vermelha, rosa, laranja ou amarela, Ele as teria feito assim. Vamos pregar nas reuniões de lideres que eles devem orientar as suas ovelhas a não pintarem as unhas, por que se o Senhor as fez sem cor, sem cor devem permanecer. Percebe que falácia absurda? É preciso se pensar antes de usar argumentos como esse, pois, geralmente, eles acabam se voltando contra o próprio argumentador.

7. Isso é vaidade. A bíblia fala que tudo é vaidade [Ec 1.2]. Usamos as roupas que usamos por vaidade; queremos estar apresentáveis e bem vestidos, então sempre vamos procurar boas roupas. Queremos sempre estar passeando com um carro novo, pois o carro novo – 0Km – e de boa aparência nos deixa confortáveis, meche com o nosso ego e autoestima. Até mesmo uma maquiagem é vaidade; e usar roupas sociais para manter uma boa aparência no púlpito é vaidade. Ser vaidoso não é pecado, pecado é quando isto nos domina ao ponto de nunca estarmos satisfeitos com nossa aparência real, ou quando nos tornamos cobiçosos, sem nunca estarmos satisfeitos com o que temos.

Como você pode ver, não existem argumentos realmente válidos contra o uso de tatuagens. Muitas pessoas que se posicionam contra o seu uso apenas não gostam delas. Mas não gostar de algo não é razão suficiente para afirmar que seja pecado [como mulheres de calça e homens de cabelo comprido]. Vimos, também, ao longo dessa serie, que nem mesmo a Bíblia demonstra versículos contra o seu uso.

Na verdade, existe um versículo em Colossenses, muito interessante, que diz: Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade... Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies? ... As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne.” [Cl 2.18,20-21,23]. Veja que Paulo exortou os colossenses a deixar de lado velhos rudimentos mundanos, quanto ao uso de coisas.

Trazendo para o assunto abordado aqui, muitas pessoas comumente condenam o uso de tatuagens, com pretextos de mantermos a “boa aparência” ou a “disciplina”, mas o fazem apenas para a “satisfação da carne”, ou seja, o fazem por não gostarem de tatuagens. Já vimos que a Palavra de Deus não condena o uso de tatuagens, propriamente. E o que resta são “ordenanças” do mundo. Mas não fomos chamados para sermos escravos da vontade dos pensamentos dos outros, mas para a liberdade [Gl 5.1]. Mas também não devemos usar de nossa liberdade para darmos ocasião à carne [Gl 5.13]; seja tudo feito, porém, com espirito de moderação [II Tm 1.7].

No mais, resta apenas o concelho de Paulo aos romanos: “O que come não despreze o que não come; e o que não come, não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu.” [Rm 14.3]. Em outras palavras: Se aquilo que você julga ser errado, não é condenado pelas Escrituras Sagradas, então não despreze aquele que o faz. Mas, você que faz, também não condene o que pensa que é errado, pois ambos foram recebidos por Deus, como sendo seus.

Leia a mensagem anterior: “O cristão e a tatuagem II: Templos de Deus

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